15 de dezembro de 2010

Erro de medicação ....um assunto que tem sido tão discutido devido a mais um grave incidente ocorrido.

Recomendo um artigo sobre esse assunto, de autoria da Lenita Wannmacher, para a OPAS:
Uso Racional de Medicamentos
para ter acesso ao artigo completo clik no link do titulo.

Erros: evitar o evitável
Autor:Lenita Wannmacher

Resumo:
Erros com medicamentos são mundialmente freqüentes, acarretando potencial de risco aos pacientes, e ocorrem devido a múltiplos fatores (características dos pacientes, despreparo dos profissionais de saúde, falhas nos sistemas de atendimento à saúde, insuficiente formação graduada e educação continuada dos diferentes profissionais, polifarmácia, uso de preparações injetáveis, automedicação e outros). No sentido de prevenir ou minimizar sua ocorrência e as possíveis conseqüências aos pacientes, enfatizam-se posturas e estratégias, mais coletivas que individuais.

Ano de Publicação: 2005

11 de novembro de 2010

Uma Assistência Limpa é Uma Assistência Mais Segura

Uma Assistência Limpa é Uma Assistência Mais Segura

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), em parceria com a Unidade de Investigação e Prevenção das Infecções e dos Eventos Adversos (UIPEA/GGTES/Anvisa), vem desenvolvendo ações visando à “Segurança do Paciente”, consonantes com as previstas na Aliança Mundial para a Segurança do Paciente, proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Primeiro Desafio Global para a Segurança do Paciente está focado na prevenção das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), sob o lema “Uma Assistência Limpa é Uma Assistência Mais Segura”, envolvendo ações relacionadas à melhoria da Higienização das Mãos em Serviços de Saúde.

Ferramentas para treinamento e educação
Os profissionais de saúde necessitam de um treinamento claro e sucinto sobre a importância da higienização das mãos, especialmente direcionado para “Os Cinco Momentos para a Higienização das Mãos” e para os procedimentos corretos de higienização anti-sépticas das mãos com preparações alcoólicas (gel ou solução) e higienização simples das mãos (água e sabonete associado ou não a anti-séptico).

Desta forma, os profissionais de saúde deverão receber treinamento regularmente (pelo menos, anualmente), incluindo também os novos profissionais contratados.

Para maiores informações sobre como usar as ferramentas e facilitar a compreensão dos componentes básicos do treinamento, favor consultar o Guia para Implantação da Estratégia Multimodal de Melhoria da Higienização das Mãos em Serviços de Saúde, abaixo disponibilizado.

Ferramentas-Chave
• Manual para Higienização das Mãos em Serviços de Saúde
Resumo das diretrizes da OMS para Higienização das Mãos.

• Guia para a implantação da estratégia multimodal da OMS para a melhoria da higienização das mãos
Guia para implantar a estratégia de melhoria de higienização das mãos e como usar as outras ferramentas.

Acesse a pagina da Organização Pan-Americana de Saúde para fazer o download do manual e do guia de implantação.
http://new.paho.org/bra/index.php?option=com_content&task=view&id=883&Itemid=687&limit=1&limitstart=1

10 de novembro de 2010

DECLARAÇÃO DA ENFERMAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA A PROMOÇÃO DA SEGURANÇA DO PACIENTE



DECLARAÇÃO DA ENFERMAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO PARA A PROMOÇÃO DA SEGURANÇA DO PACIENTE

A promoção da segurança do paciente é preocupação global. A Organização Mundial da Saúde estima que um em cada dez pacientes é vítima de erros durante a assistência. A Enfermagem do Estado de São Paulo, diante desse fato, declara seu compromisso em desenvolver ações que visem à promoção da segurança do paciente, atuando no âmbito da educação, prática clínica, pesquisa e cultura organizacional alicerçada nos preceitos éticos e legais da profissão.

Tendo por base tal pressuposto e considerando que:
•a segurança do paciente é fundamental para o cuidado com a saúde e um imperativo ético e moral do cuidado para com os outros;
•a Enfermagem, maior contingente de profissionais de saúde no país, tem função relevante na promoção da segurança do paciente e nos resultados de saúde da população;
•a possibilidade de errar é característica imutável do processo de cognição humano;
•o erro é definido como não intencional, multifatorial, eminentemente resultante de falhas do sistema, mais do que do indivíduo, sendo possível sua prevenção;
•é necessária a adoção de cultura organizacional que gere análise sistêmica de falhas, com vistas à prevenção e melhoria contínua do cuidado em saúde;
•no sistema de saúde são realizadas atividades complexas, em ambientes dinâmicos e especializados, nos quais o nível de desenvolvimento organizacional, dos processos de trabalho e dos profissionais afeta diretamente os resultados do cuidado;
•o paciente e a família têm o direito de receber assistência de Enfermagem que promova sua segurança por meio da realização de cuidados de Enfermagem centrados no atendimento integral às suas necessidades, preferências e valores;
•o paciente e a família têm o direito de receber assistência de Enfermagem em ambientes seguros, dotados de profissionais qualificados e em número apropriado;
•o paciente e a família têm o direito de receber cuidados de Enfermagem fundamentados na melhor informação científica e técnica e documentados em protocolos institucionais;
•o paciente e a família têm o direito de participar ativamente na promoção da sua segurança durante a assistência à saúde, com autonomia e responsabilidade;
•os profissionais de Enfermagem têm o direito de atuar em ambientes que ofereçam adequada infraestrutura física, de recursos humanos, de materiais e equipamentos para o desenvolvimento seguro de ações em saúde;
•os profissionais de Enfermagem têm o dever de realizar práticas seguras com base na excelência clínica, na melhor competência profissional e na mais adequada informação científica, bem como desenvolver ou participar de investigações científicas que promovam a segurança dos pacientes;
•ações de Enfermagem que visem à segurança do paciente devem ser estimuladas e valorizadas em qualquer cenário de atuação profissional;
•as instituições de saúde têm o dever de proporcionar condições de infraestrutura e trabalho adequadas à segurança do paciente, da família, dos profissionais e, consequentemente, da sociedade;
•as instituições de saúde devem ter a responsabilidade e o compromisso de promover condições e ações para educação permanente do profissional de Enfermagem; as instituições de ensino na área de Enfermagem têm o dever e o compromisso de garantir à sociedade profissionais competentes para o exercício seguro da profissão.

A Enfermagem do Estado de São Paulo declara:
•a promoção da segurança do paciente é responsabilidade compartilhada entre profissionais de Enfermagem e os demais que atuam, direta ou indiretamente, na área da saúde: pacientes e familiares; instituições de saúde; agências reguladoras; órgãos de acreditação; instituições de ensino; associações, conselhos, sindicatos e agremiações de profissionais de saúde; órgãos governamentais e sociedade;
•a análise sistêmica de erros deve incluir a participação ativa dos enfermeiros, profissionais de saúde, pacientes e gestores, envolvendo, quando necessário, órgãos de fiscalização, governamentais e a sociedade;
•a Enfermagem deve contribuir com toda e qualquer iniciativa local, regional, nacional e internacional para a promoção da segurança do paciente;
•as responsabilidades e os compromissos para a segurança do paciente devem ser claramente explicitados na política de Enfermagem Institucional e implementados nas ações dos enfermeiros gestores, líderes e profissionais de Enfermagem diretamente envolvidos na assistência;
•a cultura e o clima de segurança devem estar presentes nos ambientes de prática da Enfermagem como parte da sua missão, proporcionando condições para identificação, análise sistêmica e ações de melhoria contínua frente à ocorrência de erros e eventos adversos;
•o profissional de Enfermagem tem o dever e a responsabilidade de notificar a ocorrência de erros, eventos adversos e situações que coloquem em risco a segurança do paciente;
•o paciente e a família têm o direito de ser informado sobre a ocorrência de eventos adversos, as consequências para sua saúde e os cuidados que deve receber para se restabelecer;
•a Enfermagem deve participar de comitês institucionais que tenham como objetivo a captação de informações sobre erros, mesmo os que não chegaram a atingir o paciente, contribuindo com soluções para a prevenção e ações para minimizar efeitos de eventos adversos, fundamentadas em uma análise sistêmica;
•a Enfermagem reconhece o paciente e a família como agentes ativos na promoção de sua segurança e desenvolve ações que os fortaleçam por meio da informação, do relacionamento e do respeito;
•os profissionais de Enfermagem respondem por sua competência técnica, científica, ética e legal e somente executam atividades quando capazes de desempenhá-las de forma segura para si e para outrem;
•os profissionais de Enfermagem assumem o compromisso, junto à sociedade, de disseminar informações acerca da cultura de segurança do paciente para engajar a população na promoção de um sistema de saúde mais seguro.


Organização: Profª Drª Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira e Profª Drª Maria de Jesus C. S. Harada, coordenadoras do Projeto Enfermagem para Segurança do Paciente do Coren-SP, Gestão 2008–2011.
Elaboração: Profª Drª Ariane Ferreira Machado Avelar, Drª Carmen Ligia Sanches de Salles, Drª Cleide Mazuela Canavezi, Drª Daniella Cristina Chanes, Drª Denise Myiuki Kusahara, Drª Dirce Laplaca, Profª Drª Elena Bohomol, Profª Drª Kátia Grillo Padilha, Drª Lilian Lestingi Labbadia, Profª Drª Luiza Watanabe Dal Ben, Profª Drª Maria Angélica Sorgini Peterlini, Profª Drª Maria de Jesus C. S. Harada, Drª Marlene U. Moritsugu, Profª Drª Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira, Drª Rosemeire Keiko Hangai e Profª Drª Sílvia Helena de Bortoli Cassiani.
Promoção: Coren-SP.

SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA

SEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA

10 PASSOS PARA A SEGURANÇA DO PACIENTE
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DO ESTADO DE SÃO PAULO – COREN-SP
REDE BRASILEIRA DE ENFERMAGEM E SEGURANÇA DO PACIENTE – REBRAENSP – POLO SÃO PAULO
SÃO PAULO – 2010

A segurança na utilização da tecnologia compreende o benefício e o impacto no
uso de um ou mais recursos, em prol do restabelecimento da saúde do paciente.
Visa identificar soluções que têm como propósito promover melhorias específicas
em áreas de maior risco na assistência à saúde, para que a tecnologia seja
utilizada de maneira apropriada.
A seguir estão descritas algumas medidas para promoção de segurança na
utilização de alguns equipamentos utilizados na área da saúde.

Medidas sugeridas
1. Consulte o manual do fabricante de qualquer equipamento.
2. Avalie se o equipamento apresenta condições adequadas para o uso.
3. Simule o funcionamento normal do aparelho, desconecte o plugue da tomada
e verifique se o alarme de bateria começa a soar.
4. Efetue a limpeza programada do equipamento e/ou sempre que necessário.
5. Verifique o adequado funcionamento do equipamento.
6. Verifique em que condições encontra-se o equipamento, se foi realizada a
manutenção e a programação para manutenção preventiva e calibração do
equipamento.
7. Peça orientações ao serviço de engenharia ou manutenção da instituição
sobre o uso adequado de equipamentos quando houver qualquer dúvida.
8. Leia o manual simplificado do equipamento desenvolvido pela instituição, que
deve estar visível e legível no aparelho. Siga a sequência correta para o manuseio.
9. Informe as condições de uso, disparo do alarme e anormalidades ao paciente
e/ou familiar.
10. Explique ao paciente como acionar o profissional em caso de urgências.
11. Posicione o equipamento em local seguro para prevenir quedas e acidentes.
12. Faça as anotações na ficha de atendimento ou no prontuário do paciente
descrevendo a orientação fornecida, as condições do equipamento e o uso no
paciente.
13. Monitore o paciente com frequência, analisando as condições do equipamento
em uso.
14. Analise se o equipamento tem condições técnicas para o atendimento das
necessidades clínicas do paciente, participando do processo de adequação da
tecnologia aplicada ao cuidado de enfermagem.

Pontos de atenção
1. Conheça as diferentes alternativas tecnológicas, auxiliando na escolha do
equipamento mais adequado.
2. Verifique e aplique as legislações pertinentes.
3. Conheça e siga os protocolos específicos no uso e manuseio de cada
equipamento.
4. Conheça as condições de substituição, empréstimo, obsolescência e ou
alocação do recurso tecnológico.
5. Certifique-se de que possui habilidade e conhecimento técnico para o
manuseio do equipamento com segurança.
6. Em caso de falta do recurso tecnológico necessário, o enfermeiro deve verificar
se há alternativas.
7. Se o paciente referir alergia a algum produto / conexão / tubo do equipamento,
registre na ficha de atendimento ou no prontuário e realize a substituição.
8. Na recusa do paciente em utilizar o equipamento, explique os benefícios e
indicações para o tratamento de saúde e identifique os motivos para a rejeição.
Se necessário o enfermeiro deve avaliar as condições do paciente, sua opinião
e a possibilidade de substituição do equipamento.

Referências
- Silva LK. Avaliação tecnológica e análise custo-efetividade em saúde: a incorporação de tecnologias
e a produção de diretrizes clínicas para o SUS. Rio de Janeiro: Departamento de Administração e
Planejamento em Saúde- ENSP/Fiocruz, 2003. pg 501-20.
- Banta HD. Health Care Technology as a Policy Issue. Health Policy 1994; 30: 1-20.
- Institute of Medicine. Donaldson MS, Sox JR, HC (eds). Setting Priorities for Health Technology
Assessment: A Model Process. Washington DC, National Academy Press; 1992.

13 de outubro de 2010

Entrevista com Mavilde Pedreira sobre Segurança do Paciente

"Embora não-intencional, todo erro é evitável, por isso ratifico que é preciso criar mecanismos para tornar o 'fazer certo' muito mais fácil do que o 'fazer errado'. E esta iniciativa também depende de nós enfermeiros". Foi com este comentário que a Doutora em Enfermagem Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira, Professora da Unifesp, Pesquisadora CNPq e Assessora da CAPES e do Coren-SP, encerrou uma de suas diversas palestras ministradas sobre Segurança do Paciente.

Segurança do Paciente é uma questão de grande relevância para gestores de instituições públicas e privadas e a enfermagem tem papel fundamental no sentido de torná-las mais seguras e menos arriscadas. Esta preocupação tornou-se assunto de relevância crescente em todo o mundo nos últimos anos, tanto que, em 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou a Aliança Global para a Segurança do Paciente (World Alliance for Patient Safety), iniciativa global em prol da melhoria da segurança do paciente em virtude do número alarmante de que 40 a 90 mil pessoas morriam a cada ano nos Estados Unidos em circunstâncias passíveis de medidas de prevenção.

Professora Mavilde explica que um deslize, uma falha que aparentemente é apenas um detalhe, pode fazer a diferença entre a vida e a morte de quem é cuidado e que, atualmente, o desejado é que se entenda o erro como consequência de uma série de problemas do sistema, e que a busca por implementar medidas de correção e prevenção sejam prioridade, e não apenas a punição de quem comete o erro. "É comum ouvirmos primeiro a pergunta "Quem fez isso", e o que deveríamos ouvir seria "Como isso aconteceu?", "Quando isso aconteceu?" e "Por que isso aconteceu?" É esta mudança de cultura que poderá promover assistência à saúde mais segura à população".
Ela encerra um gostoso bate-papo com a célebre frase de São Francisco de Assis, que representa a essência do cuidado - "Comece fazendo o que é necessário; depois o que é possível, é de repente você estará fazendo o impossível".

Os erros em saúde ocorrem devido a quais fatores?
Erros humanos acontecem eminentemente por falhas de um sistema e não por culpa de um indivíduo isoladamente. Estas falhas podem ter relação com diversos fatores que envolvem desde questões de abrangência governamental e dos gestores de políticas públicas ou institucionais até falhas no processo de educação à qual o profissional foi submetido. Entre um e outro, podemos ainda afirmar que erros na saúde ocorrem por problemas culturais, por má qualificação profissional, por falta de especialização, educação permanente e até mesmo habilidade, falta de comunicação entre os profissionais da saúde, falta de recursos. Mas também ocorrem erros por sobrecarga de trabalho dos profissionais, principalmente da enfermagem, ausência de protocolos e de processos de trabalho com vistas ao alcance de um bom atendimento em saúde e para o bom andamento de uma instituição. E erros podem advir também da falta de comunicação com o próprio paciente, quando não se capacita o mesmo para o auto-cuidado e o torna agente de promoção de sua própria segurança.

Professora Mavilde, a senhora poderia nos dar alguns exemplos de erros que ocorrem por conta do próprio paciente?
Pacientes devem ser o centro do cuidado prestado por profissionais de saúde. Para tanto devem entender sobre o seu diagnóstico e os tratamentos e cuidados que precisam receber para se restabelecerem. Pacientes adequadamente preparados para lidar com suas necessidades de saúde são a principal fonte de prevenção de erros em saúde. Por outro lado, quando não são partícipes de seus planos assistenciais, quando não adequadamente preparados para saber quais os cuidados que devem receber podem ser vítimas de eventos adversos evitáveis.

E quais são os principais relacionados à assistência de enfermagem?
A força de trabalho da enfermagem é de aproximadamente 15 milhões de profissionais de enfermagem no mundo. É o maior grupo de profissionais que presta cuidado direto e ininterrupto aos pacientes. No Brasil, a enfermagem está representada por cerca de um milhão e meio de profissionais, sejam eles auxiliares e técnicos de enfermagem, e enfermeiros. Como enfermeiros, para cuidarmos de seres humanos termos que nos manter constantemente atualizados para prescrever cuidados fundamentados em evidências científicas e que se adéqüem as necessidades e preferências do paciente e família em um ambiente de prestação de assistência à saúde cada vez mais complexo. Quanto mais complexa a atividade humana, mais riscos inerentes há.
Fatores que envolvem o ambiente de trabalho, as condições de excesso de rotinas e burocracia, a falta de protocolos baseados em evidências científicas que respaldem a prática, associada à atitude dos gestores e profissionais de saúde têm relação com a ocorrência de erros em saúde e a falta de implementação de medidas de prevenção. Dentre estes danos, podemos citar como os mais amplamente identificados em instituições que não possuem o número adequado de profissionais de enfermagem ou não lhes proporcionam adequadas condições de trabalho às infecções hospitalares, quedas, erros de medicação, úlceras por compressão, dentre outros.

A senhora frisa que o erro pode advir do não-atendimento de uma necessidade humana básica. Poderia nos dar um exemplo?
Sim, posso dar inúmeros exemplos, como o de um senhor que precisava de comadre. Ele estava no quarto ao lado de um paciente que teve um bloqueio atrioventricular em um hospital que contava com número de profissionais reduzido no plantão noturno. Ele tocou a campainha para pedir a comadre, e a profissional, ocupada, disse que voltava em alguns minutos para atendê-lo, pois precisava atender o paciente em situação de emergência no quarto ao lado. Passaram-se alguns minutos e ela não voltou. Observando a correria da equipe médica e de enfermagem, o paciente tentou se levantar para ir ao banheiro sozinho. Ele acabou caindo e fraturando o fêmur, teve que passar por uma cirurgia contraiu uma infecção e veio a óbito por sepse.Tudo por que ele precisava de uma comadre.

Por muitos anos era tabu falar sobre erros no sistema de saúde. Quando este assunto começou a ser discutido abertamente?No final dos anos da década de 1990, estudos mostraram que nos EUA, o país mais rico e que mais investe em saúde do mundo, o que não se traduz verdadeiramente em qualidade, a cada ano entre 40 mil a 90 mil norte-americanos morriam por erros por danos relacionados a erros. Estes estudos apontaram que erros na saúde representavam a oitava causa de morte nos EUA. Não apenas os profissionais de saúde ficaram assombrados com estes dados como também a população. Jornais começam a soltar manchetes como "Erros em saúde acontecem e matam milhares de norte-americanos". A mídia levou ao conhecimento da sociedade americana que existiam erros instituições de saúde e que era preciso haver mudanças urgentes.

E o que mudou de lá para cá?
Varias áreas da saúde evoluíram muito, como é o caso da anestesia. Tempos atrás, muita gente morria de eventos adversos decorrentes da anestesia e isso fez com que esta área fosse revista no mundo todo. Hoje, existe uma padronização das condições de infra-estrutura mínima para a realização de procedimentos anestésicos, uso de processos de cuidado, como o escore o ASA da Academia Norte-americana de Anestesiologia e todo profissional precisa ter o título de anestesista, sendo este revalidado periodicamente. Outra mudança de paradigmas na segurança em saúde se deu nos bancos de sangue com o advento da Aids.

Qual a sua opinião sobre o advento de certificações da Qualidade no Brasil com iniciativas da ONA, Joint, Iso, CQH. A senhora acha que isso contribui para que a instituição tenha maior preocupação com a segurança de seus pacientes?
Com certeza, a implantação de medidas que melhorem a qualidade das instituições de saúde, produzem infraestrutura e processos assistenciais capazes de contribuir para a realização de práticas mais seguras. Contudo as pessoas devem ser valorizadas como as principais ferramentas para a promoção de práticas seguras.

O que é a cultura de segurança de uma organização?
Erros acontecem, e uma cultura de segurança implica em ter a prevenção de erros como prioridade para todos, gestores, lideranças, profissionais e pacientes. A primeira coisa é ter em mente que para haver mudança dos liderados é preciso que a liderança tenha como meta tornar o ambiente de prestação de assistência mais seguro ao assumir que é de alto risco. Sendo de alto risco, o erro é passível de ocorrer. Documentar os erros, analisar suas causas sistêmicas, gerar medidas de discussão em equipe sobre o tema, identificar soluções e tecnologias capazes de prevenir sua recorrência de maneira constante e compartilhada com o paciente e família é o que promove a criação e sustentação de uma cultura de segurança.

Atualmente a cultura é de intimidação frente ao erro. Quais são os fatores que geram essa intimidação e quais as suas conseqüências?
Hoje essa cultura esta presente por que é muito mais fácil atribuir um culpado do que mudar todo um sistema de prestação da assistência. Assim, ao invés de termos uma cultura de segurança vigente no sistema de saúde, temos ma cultura de punição, que busca atribuir culpados por falhas eminentemente resultantes de sistemas mal estruturados e desenhados.

Qual a diferença na segurança entre hospital público e privado?
Não se pode distinguir a presença ou não de segurança para o paciente, segundo o tipo de instituição. Há instituições públicas muito mais seguras do que privadas, e vice-versa. A falta de infra-estrutura para o exercício adequado da profissão, bem como, a falta de definição de políticas institucionais que evidenciem o bem do paciente como foco de toda a atividade desenvolvida são os principais indicadores de existência de práticas inseguras. Outra questão é a valorização do profissional. Instituições que não valorizam os profissionais de saúde fornecendo boas condições de trabalho, sejam elas públicas ou privadas, podem comprometer a segurança do paciente.

Como a enfermagem pode garantir a segurança do paciente?
Em qualquer local no mundo, a enfermagem representa o maior contingente de profissionais e em hospitais são os que permanecem na assistência em tempo integral, todos os dias da semana, todas as horas do dia. Assim, é dela a responsabilidade de realizar a maior parte das ações do cuidado e promover a qualidade da assistência à sociedade. Por estarem nesta posição, os enfermeiros podem, quando em numero e capacitação apropriados, como evidenciado em vários estudos, prevenir erros ou detectar precocemente qualquer tipo de complicação e eventos adversos. É nossa missão promover assistência à saúde com foco nas necessidades individuais e integrais de cada individuo. Os profissionais da enfermagem precisam ter a consciência de sua relevante função na prevenção de erros durante a prestação da assistência, também devemos mostrar nosso valor como membros da equipe multiprofissional de saúde para toda a sociedade. Por isso é tão importante a enfermagem colocar este assunto em debate e buscar soluções que garantam uma assistência mais segura.

Prevenir ainda é a melhor forma de evitar erros em saúde?
Ter em mente a cultura da prevenção é ponto fundamental para qualquer questão que envolva a saúde. Diminuir a probabilidade da ocorrência do erro exige mudança de paradigmas e de cultura tanto do governo, como das organizações de saúde e dos profissionais. No que tange à prevenção de erros, diminuição de riscos e à segurança do paciente, é premissa fundamental a prevenção. Ações como melhorar a comunicação e, principalmente, a comunicação com o paciente e seus familiares/acompanhantes, identificar o paciente, uso de protocolos, dupla checagem, check-list, somente executar prescrições claras e nunca se houver dúvidas, documentar a sistematização da assistência de enfermagem no prontuário, contribuem para a promoção da segurança do paciente.

Quais são as metas internacionais para a segurança do paciente?- promover adequada higienização das mãos
- identificar os pacientes corretamente;
- promover comunicação efetiva (prescrições/exames diagnósticos);
- melhorar a segurança na medicação;
- programar medidas de promoção de segurança nas cirurgias;
- reduzir o risco de adquirir infecções;
- reduzir o risco de lesões decorrentes de quedas, dentre outros

O que falta para o Brasil proporcionar mais segurança aos seus pacientes?
Para promover a segurança do paciente no Brasil é preciso implementar verdadeiramente, de maneira constante e equânime as premissas que regem o SUS. Devemos saber que o direito a assistência à saúde qualificada e segura é direito de todo o brasileiro. A busca de assistência à saúde mais segura é, portanto uma questão de exercício da cidadania, quer seja pelo profissional de saúde, quer seja pelos governantes, gestores e usuários. É preciso saber que em saúde o que mais importa são as pessoas, que recebem e prestam cuidados. Tornar o sistema de saúde mais seguro significa criar políticas e mecanismos capazes de contribuir para que o profissional de saúde possa usar o máximo de sua capacidade e competência para atender a necessidade de saúde da população, sendo que a população tem o direito de ter suas necessidades em saúde atendidas, respeitando seus valores e preferências, de modo equânime, eficaz, eficiente, oportuno e seguro.

Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira é Enfermeira, Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo Unifesp, Especialista em Pediatria e Puericultura pela Escola Paulista de Medicina; Vice-Coordenadora do Programa de Pós-Graduação, níveis mestrado e doutorado, da Escola Paulista de Enfermagem da Unifesp e Pesquisadora do CNPq.

2 de outubro de 2010

9 Soluções para a segurança do paciente

Acesse o link e veja as 9 Soluçoes para segurança do paciente -

Logo


Centro Colaborador da OMS para Soluções de Segurança do Paciente

Nenhum evento adverso deve acontecer no mundo se o conhecimento existe para impedir que isso aconteça.

No entanto, esse conhecimento é de pouca utilidade se não for colocado em prática.

Traduzir o conhecimento em soluções práticas é o fundamento último da zona de acção de segurança soluções da Aliança Mundial para Segurança do Paciente.

A finalidade básica das soluções é orientar o "re-design" de processos de cuidados para evitar que erros humanos sejam evitáveis não atingindo pacientes.

Patient Safety Solutions são definidas como:

"Qualquer projeto de sistema ou de intervenção que tem demonstrado a capacidade
para prevenir ou atenuar o dano paciente decorrentes dos processos de cuidados de saúde.

25 de setembro de 2010

9 de setembro de 2010

Segue algumas sugestões de livros que abordam o tema Segurança do Paciente:


- Segurança do Paciente – Autor: Charles Vincent
- Hospitais e Medicamentos – Autor: Silvia Helena De Bertoli Cassiani
- Qualidade em Saúde e Indicadores como Ferramenta de Gestão – Autores: Eliseth Ribeiro Leão, Cristiane Pavanello Rodrigues Silva, Denise Cavalini Alvarenga, Silvia Helena Frota Mendonça
- Enfermagem Dia a Dia – Autor: Mavilde da Luz Gonçalves Pereira, Maria de Jesus Castro Sousa Harada(agenda Coren - SP 2010)
- Gestão de Risco e segurança Hospitalar - Autor: Liliana Feldeman
- O erro humano e a segurança de paciente - Autores: Maria de Jesus Castro Sousa Harada, Mavilde da L. G. Pedreira, Sônia Regina Pereira
- Compreendendo a segurança do paciente - Autor: Robert M. Wachter

Deixe tambem suas sugestões de livros e sites.
Caros colegas e membros
Núcleo de Assistência Domiciliar
REBRAENSP- Pólo São Paulo

Nosso próximo encontro será no dia 16/09/2010, às 14h30, no Anfiteatro B – Térreo da UNIFESP, Rua Napoleão de Barros, nº 754 - Vila Clementino – São Paulo-SP

Previsão de duração: 2horas

Reforçando que o objetivo do NAD-REBRAENSP é:
Criar uma rede de necessidades de fortalecimento do cuidado de Enfermagem em assistência domiciliar com o objetivo de contribuir para a segurança do paciente.

Pauta da reunião:
1) Como ampliar os nossos contatos com as escolas de nível superior e de nível médio para inserir em seus currículos o preparo para assistência domiciliar (home care), nas regiões de nossa abrangência?
2) Como ampliar os contatos com os enfermeiros que atuam na área de assistência domiciliar ?
3) Como elaborar estratégias para desenvolver ferramentas adequadas que assegurem uma assistência segura ao paciente?

Contamos com a presença de todos.

Por favor nos auxiliem a divulgar e estimular os colegas a participarem da reunião fortalecendo a nossa rede em favor da segurança do paciente.


Um forte abraço e muito obrigada!

Dra Luiza Watanabe Dal Ben

5 de agosto de 2010

III Fórum Internacional sobre Segurança do Paciente: Erros de Medicação. Os novos rumos da saúde no mundo: responsabilidade e segurança no atendiment

Práticas para a Segurança do Paciente – National Quality Forum (EUA)

O National Quality Forum (NQF) é uma organização norte-americana sem fins lucrativos formada por representantes da população, de instituições, de fontes pagadoras, de instituições acreditadoras e por profissionais da área da saúde. Sua missão é promover melhoria da qualidade na área da saúde.
Em 2003, esta instituição lançou nos EUA uma lista de pontos relacionados à Segurança do Paciente que deveriam ser o foco de trabalho das instituições em busca de uma assistência em saúde mais segura. Esta lista já havia sido atualizada em 2006 e novamente agora em 2009. Todos os pontos de trabalho descritos seguem alguns princípios em comum:

· Há fortes evidências que são práticas efetivas em reduzir a chance de se causar dano ao paciente;
· São práticas generalizáveis, isto é, podem ser aplicadas em diferentes níveis de assistência e para diferentes tipos de pacientes;
· Provavelmente têm um benefício amplo e sustentável para a Segurança do Paciente se implementadas de forma universal e sistemática;
· O conhecimento sobre elas pode ser utilizado por pacientes, profissionais de saúde, fontes pagadoras e pesquisadores.

Além disso, cada prática descrita leva em conta a freqüência do problema, sua gravidade, a possibilidade de sua prevenção e seu impacto financeiro.

São 34 focos de trabalho que se demonstraram efetivos em reduzir a ocorrência de eventos adversos na assistência em saúde. Essas práticas contemplam algumas categorias dentro dos aspectos de melhoria da Segurança do Paciente:veja mais acessando link no titulo.

22 de junho de 2010

Medicamentos de Alto Risco

Pontos Importantes sobre Medicamentos de Alto Risco
Por:Lucas Santos Zambon
Médico Assistente da Disciplina de Emergências Clínicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

• MEDICAMENTOS DE ALTO-RISCO: são medicamentos mais suscetíveis a causar danos para o paciente, mesmo quando utilizado como previsto. O Instituto para Prática Segura no Uso de Medicamentos (ISMP - Institute for Safety Medication Pratice) relata que, embora os erros não sejam tão comuns no uso desses medicamentos, quando eles ocorrem, o impacto no paciente pode ser bem significativo. A Joint Comission (empresa acreditadora de Hospitais dos EUA) descreve os medicamentos de alto-risco como aqueles “que têm o maior risco de causar danos quando utilizados de maneira incorreta”.


• NÚMERO DE EVENTOS: O Comitê do Institute of Medicine dos EUA (IOM) em Identificação e Prevenção de Erros de Medicação estima que pelo menos 1,5 milhões de eventos adversos evitáveis com medicamentos ocorrem por ano nos Estados Unidos.

• A análise de uma base de dados em reação adversa a medicamentos sugeriu que 3 eventos adversos representavam 50% de todos os relatórios: (1) overdose de anticoagulantes ou controle insuficiente e de ajustes (de acordo com valores dos testes laboratoriais) estavam associados com eventos hemorrágicos; (2) overdose ou falta de ajuste na interação medicamentosa de opióides estava associada com sonolência e depressão respiratória, e (3) dosagem inadequada ou controle insuficiente de insulinas estavam associados à hipoglicemia.

• CUSTOS: Com base em uma taxa de 400.000 eventos adversos com medicamentos por ano em pacientes hospitalizados, o Comitê do IOM estimou que estes eventos criaram um custo adicional aos hospitais de $3.5 bilhões de dólares (em 2006). Um estudo estimou qual o custo de uma hemorragia relacionada a anticoagulante - está entre 3.000 e 12.000 dólares.

• São descritas pelo menos 19 classes de Medicamentos com essas características de grande potencial de dano pelo ISMP. Mesmo que seja importante melhorar o gerenciamento de todos esses medicamentos, alguns deles são utilizados mais freqüentemente, e os danos causados por eles podem ser bem significantes.

• A Campanha escolheu focar em 4 grupos de medicamentos de alto-risco. —anticoagulantes, opióides, insulinas e benzodiazepínicos — porque eles têm chance de causar maiores danos e há maiores oportunidades de melhorias com essas medicações. Os tipos mais comuns de danos associados a esses medicamentos incluem hipotensão, hemorragias, hipoglicemia, delirium, letargia, e bradicardia.

19 de junho de 2010

Política de Prescrição Médica orienta ações para maior segurança do paciente

Política de Prescrição Médica orienta ações para maior segurança do paciente do HIAE tem o objetivo de orientar os profissionais da Instituição – médicos, enfermeiros,
farmacêuticos e profissionais administrativos – quanto ao processo de
prescrição de medicamentos para garantir a segurança do paciente.

Acesse o link e veja entre outras orientações o que não usar nos registros em prontuários.

http://medicalsuite.einstein.br/informativos_pdf/informativo-einstein-especial-marco-2009.pdf

Protocolo de prevenção de cirurgia errada

Neste link você acessa o Protocolo Universal de prevenção de cirurgia errada, publicado no site da Joint Commission em espanhol.

Dicas para pacientes para prevenir a cirurgia local errado

Dicas para pacientes para prevenir a cirurgia local errado

- Você e seu médico devem concordar sobre o que exatamente será feito durante a cirurgia - peça a ele que explique a você como será feita a cirurgia, o tipo de anestesia, o local, os riscos.

- Peça para que o local cirúrgico seja demarcado com caneta. Assim se evita que cirurgia sejam realizada em membro errado, ex. cirurgia no joelho direto realizada no esquerdo.

- Tire suas dúvidas. Você deve falar se você tem preocupações. Não há problema em fazer perguntas e receber respostas que você entenda.

- Pense em você como um participante ativo da segurança e da qualidade dos cuidados de saúde. Estudos mostram que pacientes que estão ativamente envolvidos na tomada de decisões sobre seus cuidados são mais propensos a bons resultados.

- Insista para que a cirurgia seja feita em um estabelecimento com certificação de qualidade, que se preocupe com a segurança da assistência de seus pacientes.

1 de junho de 2010

Reunião do NÚCLEO DE ASSISTÊNCIA DOMICILIAR- REBRAENSP - transferida para o dia 16/06/2010

A reunião do dia 09 de junho d o NÚCLEO DE ASSISTENCIA DOMICILIAR-
REBRAENSP , será realizada no dia 16/06/2010 às 14 h 30 , na Faculdade de Enfermagem da UNIFESP.

Teremos apresentação do trabalho de conclusão de mestrado com o título de :
“Satisfação do Usuário sobre a Assistência de Enfermagem Domiciliar “ – Enfª Mestre Maria Daniela Fonseca Pinto- empresa Projeto Home Care, sob orientação da Prof Dra Laís Helena R.O. Franco (UNIFESP).

A Segurança do Paciente nos Diferentes Segmentos da Saúde

A Segurança do Paciente nos Diferentes Segmentos da Saúde

Enfermeira Marisa Lea Cirelli Sarrubbo, habilitada em Saúde Pública pela Escola Paulista de Medicina e diretora do Serviço de Assessoria em Tecnologia e Gerente de Risco Sanitário da Instituto do Coração do Hospital das Clínicas -FMUSP, discorre sobre a segurança do cliente pautada nos avanços e fragilidades na assistência da saúde no Brasil.
Por: Vanessa Navarro http://www.nursing.com.br/article.php?a=951

Nursing - Quais são os fatores comuns aos erros dos profissionais da saúde?
Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - O profissionais de saúde erram por falhas no sistema de atenção a saúde; falta de cultura de notificação, devido a falta de aprendizagem; falta de análise dos eventos ocorridos; falta de recursos materiais adequados; sobrecarga dos profissionais; ausência de protocolos e rotinas operacionais implantadas; implantação lenta dos processos; falta de conhecimento técnico e habilidade; não aderência por parte do paciente aos tratamentos propostos. A atuação do profissional de enfermagem é preponderante, pois é o maior grupo profissional de atuação no cuidado direto ao paciente nas instituições de saúde. Os pontos mais importantes na atuação desta equipe são: foco no sistema ao invés de Pessoas; cultura de prevenção e identificação de erros; ações corretivas e construtivas e não punitivas e capacitação da equipe.

Nursing - Quais os principais eventos adversos relacionados à assistência de enfermagem?Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - Os principais eventos adversos relacionados à assistência de enfermagem podem ser relacionados à atitude do profissional, aos procedimentos executados e aos fatores ambientais. Podemos apontar como os principais EAs: queda dos pacientes, infecção hospitalar, úlceras de pressão, erros de medicação, manipulação de cateteres, sondas e drenos, manipulação de vias aéreas, utilização incorreta de equipamentos e materiais, ambientes físicos inadequados, proporção de profissionais defasada frente ao número de pacientes e grau de complexidade no atendimento, materiais e uso de equipamentos sem o devido conhecimento, em quantidade insuficiente/obsoletos ou com comprometimento de qualidade.

Nursing - Como os avanços tecnológicos na área da saúde podem interferir na segurança do paciente?
Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - A qualidade do cuidado e a segurança dos pacientes assume papel de relevância. A Organização Mundial da Saúde, por meio da Resolução WHA 55.18, requer que os Estados Membros voltem a sua atenção à segurança dos pacientes, que desenvolvam normas e padrões globais, que promovam um quadro de políticas baseadas em evidências e mecanismos para reconhecer a excelência na segurança do paciente internacionalmente, e que encorajem a pesquisa. Ainda, nesta resolução, informa que o problema não é novo e que, embora os sistemas de saúde difiram de um país para outro, as ameaças à segurança do paciente têm causas e soluções frequentemente similares. Informa também que a situação dos países em desenvolvimento e daqueles em fase de transição econômica merecem atenção particular por vários motivos: qualidade das tecnologias, abastecimento, desempenho ruim de pessoal devido à falta de motivação, habilidades técnicas insuficientes e falta de financiamento dos custos operacionais essenciais dos serviços de saúde. Havendo, portanto, probabilidade dos eventos adversos serem muito maiores em detrimento das nações industrializadas. A incorporação tecnológica é necessária para o controle dos processos e execução de procedimentos assistenciais. A tecnologia deve ser de fácil manejo, apresentar segurança nos procedimentos e garantir a execução das ações corretas, dificultando as ações erradas, facilitando a identificação de respostas e a rastreabilidade das informações, oportunizando uma base de dados para a melhoria contínua dos processos.

Nursing - Que postura o profissional de enfermagem deve ter para amenizar e/ou excluir tais fragilidades?
Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - A erradicação do erro é tarefa complexa, uma vez que “Errar é humano”, todavia, não podemos economizar esforços para manter os níveis de ocorrência de EA próximo de zero, desenvolvendo ações que possam prevê-los e estabelecer medidas para evita-los. As causas dos erros são multifatoriais decorrendo de fatores isolados ou combinados entre si, podendo advir do próprio paciente, dos processos executados ou dos produtos utilizados. Podemos abranger o termo “produtos” incorporando todos os recursos materiais, como medicamentos, produtos descartáveis, equipamentos, estrutura física, etc. O controle e a prevenção do erro deve ter caráter formador e nunca dever ser visto como um processo persecutório. Certamente que não devem ser eliminadas a responsabilidades técnicas, éticas e legais dos envolvidos, porém todas as ocorrências devem ser utilizadas como oportunidades para análise crítica investigativa, revisão dos processos e produtos e tomada de decisões para eliminação ou redução do erro.

Nursing - Quais são os principais fatores que proporcionam o sucesso da atenção à saúde?Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - A primeira forma de eliminar o erro é desenvolver a cultura da sua prevenção, por meio do conhecimento das circunstancias, dos processos e dos produtos que levam ao erro. Algumas ações básicas para melhoria da segurança:• utilizar check-lists/protocolos padronizados;• melhorar a qualidade dos registros em prontuário e os mecanismos de informação;• padronizar procedimentos e condutas;• participar de iniciativas de processos de melhoria;• incluir o paciente e seus familiares na confirmação de dados; • desenvolver uma cultura de segurança.A adoção das Metas Internacionais para Segurança do Paciente podem ser também uma das estratégias implantadas pela instituição para o sucesso do programa de Segurança do paciente. São elas:- identificar os pacientes corretamente;- melhorar a comunicação efetiva (prescrições/exames diagnósticos);- melhorar a segurança para medicamentos de risco;- eliminar cirurgias em membros ou pacientes errados;- reduzir o risco de adquirir infecções;- reduzir o risco de lesões decorrentes de quedas.

Nursing - Qual é a contribuição dos programas de acreditação em relação a redução dos eventos adversos?
Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - Acreditamos que os fatores organizacionais afetam a segurança do paciente. Dois mecanismos adquirem importância como catalisadores da segurança do paciente na atualidade: a acreditação e a regulação pública. Ambos se dirigem primordialmente à forma como os cuidados devem ser prestados aos pacientes nas organizações de saúde. A acreditação, como uma avaliação externa baseada em padrões previamente estabelecidos e com caráter voluntário; enquanto a regulação, como um instrumento de exigência governamental com força compulsória.Presume-se que as organizações de saúde com certificado de acreditação sejam mais seguras, ou que pelo menos, encontram-se mais preparadas para identificar, com maior presteza, falhas e incidentes e, deste modo, abordarem estes eventos de forma produtiva. Podemos apontar como benefícios dos programas de acreditação em relação a redução dos eventos adversos: segurança para os pacientes, familiares e público em geral; sistematização das atividades da assistência; serviços prestados de maneira confiável, a partir de um padrão de qualidade previsível e homogêneo; caminho para a melhoria contínua; uso de ferramentas da qualidade universalmente aceitas e recomendadas; construção, adequação e padronização de processos; monitoramento assistencial e administrativo; sistematização e aprimoramento do cuidado; melhoria das informações compartilhadas, dos registros, da qualificação do corpo de colaboradores, do relacionamento com as diversas equipes no cuidado do paciente e na gestão do ambiente; comprometimento do paciente e familiares na assistência; implantação da cultura da qualidade.

Nursing - Qual é a funcionalidade do projeto Hospitais Sentinela, criado pela Anvisa no ano de 2000?
Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - O “Projeto Hospitais Sentinela” é uma iniciativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), onde estão instaladas as Gerências de Risco sanitário Hospitalar, que visa manter uma rede de informações sobre os materiais médico hospitalares, medicamentos, sangue e seus componentes e os saneantes utilizados, entre os hospitais que compõe a rede no território brasileiro. O objetivo principal é garantir a segurança na utilização dos produtos, manter e promover a qualidade dos mesmos, por meio da formação de uma rede de informações que se cruzam e se auto alimentam, de forma padronizada e sistematizada. A “Gerência de Risco Sanitário Hospitalar” é um grupo de profissionais que realiza o acompanhamento destes materiais utilizados nos hospitais, no período de “pós-comercialização”, ou seja, como se comportam os materiais já adquiridos na sua utilização diária no hospital. Basicamente, são os seguintes grupos de produtos para a saúde: medicamentos, equipamentos médicos, materiais e artigos descartáveis, implantáveis e de apoio médico hospitalar, kits e reagentes de laboratórios, produtos saneantes de uso hospitalar, sangue e seus componentes.

Nursing - Quais são os efeitos produtivos proporcionados por tal programa?
Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - A rede sentinela reúne a excelência em assistência, ensino e a pesquisa no país sendo importante observatório para práticas e tecnologias em saúde. O projeto incentiva o aprendizado por meio da troca de experiências, fomentando transformações pró-segurança do paciente e profissionais da saúde, no processo de trabalho e utilização de tecnologias em hospitais. Podemos apontar como resultados obtidos deste projeto: implantação de gerências de risco; notificações de eventos adversos e queixas técnicas no sistema NOTEVISA, em rede nacional com a ANVISA e tidos os participantes da rede, além das VISAS municipais e estaduais; formação de grupos de trabalho em áreas novas/críticas; propostas para reformulação de regulamentos e normas institucionais; medidas sanitárias geradas a partir das notificações da rede; implantação e acompanhamento de planos de melhoria em áreas estratégicas nos hospitais; incentivo à pesquisa em serviços da rede; planejamento estratégico; reforço e articulação de áreas de apoio à assistência; aquisições mais racionais; qualificação do atendimento dos fornecedores às queixas do hospital quanto à qualidade de produtos; integração à rede de hospitais sentinela; aporte de notificações para a regularização de mercado, estatísticas e indicadores; aumento do controle da qualidade dos produtos para a saúde comercializados no mercado nacional; campo de observação para reforço de sinal de eventos adversos com produtos; revisão e criação de legislações específicas; construção de fluxos e de rotinas de trabalho nos órgãos reguladores e regulados, entre áreas de registro, pós-comercialização e fiscalização de produtos e empresas; campo de estudo para avaliação de novas tecnologias em saúde; e visão ampliada de risco que inclui o usuário.
e-mail: marisa.cirelli@incor.usp.br

A Segurança do Paciente nos Diferentes Segmentos da Saúde

A Segurança do Paciente nos Diferentes Segmentos da Saúde
A enfermeira Marisa Lea Cirelli Sarrubbo, habilitada em Saúde Pública pela Escola Paulista de Medicina e diretora do Serviço de Assessoria em Tecnologia e Gerente de Risco Sanitário da Instituto do Coração do Hospital das Clínicas -FMUSP, discorre sobre a segurança do cliente pautada nos avanços e fragilidades na assistência da saúde no Brasil.

Por: Vanessa Navarro Nursing - Quais são os fatores comuns aos erros dos profissionais da saúde?Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - O profissionais de saúde erram por falhas no sistema de atenção a saúde; falta de cultura de notificação, devido a falta de aprendizagem; falta de análise dos eventos ocorridos; falta de recursos materiais adequados; sobrecarga dos profissionais; ausência de protocolos e rotinas operacionais implantadas; implantação lenta dos processos; falta de conhecimento técnico e habilidade; não aderência por parte do paciente aos tratamentos propostos. A atuação do profissional de enfermagem é preponderante, pois é o maior grupo profissional de atuação no cuidado direto ao paciente nas instituições de saúde. Os pontos mais importantes na atuação desta equipe são: foco no sistema ao invés de Pessoas; cultura de prevenção e identificação de erros; ações corretivas e construtivas e não punitivas e capacitação da equipe. Nursing - Quais os principais eventos adversos relacionados à assistência de enfermagem?Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - Os principais eventos adversos relacionados à assistência de enfermagem podem ser relacionados à atitude do profissional, aos procedimentos executados e aos fatores ambientais. Podemos apontar como os principais EAs: queda dos pacientes, infecção hospitalar, úlceras de pressão, erros de medicação, manipulação de cateteres, sondas e drenos, manipulação de vias aéreas, utilização incorreta de equipamentos e materiais, ambientes físicos inadequados, proporção de profissionais defasada frente ao número de pacientes e grau de complexidade no atendimento, materiais e uso de equipamentos sem o devido conhecimento, em quantidade insuficiente/obsoletos ou com comprometimento de qualidade.Nursing - Como os avanços tecnológicos na área da saúde podem interferir na segurança do paciente?Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - A qualidade do cuidado e a segurança dos pacientes assume papel de relevância. A Organização Mundial da Saúde, por meio da Resolução WHA 55.18, requer que os Estados Membros voltem a sua atenção à segurança dos pacientes, que desenvolvam normas e padrões globais, que promovam um quadro de políticas baseadas em evidências e mecanismos para reconhecer a excelência na segurança do paciente internacionalmente, e que encorajem a pesquisa. Ainda, nesta resolução, informa que o problema não é novo e que, embora os sistemas de saúde difiram de um país para outro, as ameaças à segurança do paciente têm causas e soluções frequentemente similares. Informa também que a situação dos países em desenvolvimento e daqueles em fase de transição econômica merecem atenção particular por vários motivos: qualidade das tecnologias, abastecimento, desempenho ruim de pessoal devido à falta de motivação, habilidades técnicas insuficientes e falta de financiamento dos custos operacionais essenciais dos serviços de saúde. Havendo, portanto, probabilidade dos eventos adversos serem muito maiores em detrimento das nações industrializadas. A incorporação tecnológica é necessária para o controle dos processos e execução de procedimentos assistenciais. A tecnologia deve ser de fácil manejo, apresentar segurança nos procedimentos e garantir a execução das ações corretas, dificultando as ações erradas, facilitando a identificação de respostas e a rastreabilidade das informações, oportunizando uma base de dados para a melhoria contínua dos processos. Nursing - Que postura o profissional de enfermagem deve ter para amenizar e/ou excluir tais fragilidades?Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - A erradicação do erro é tarefa complexa, uma vez que “Errar é humano”, todavia, não podemos economizar esforços para manter os níveis de ocorrência de EA próximo de zero, desenvolvendo ações que possam prevê-los e estabelecer medidas para evita-los. As causas dos erros são multifatoriais decorrendo de fatores isolados ou combinados entre si, podendo advir do próprio paciente, dos processos executados ou dos produtos utilizados. Podemos abranger o termo “produtos” incorporando todos os recursos materiais, como medicamentos, produtos descartáveis, equipamentos, estrutura física, etc. O controle e a prevenção do erro deve ter caráter formador e nunca dever ser visto como um processo persecutório. Certamente que não devem ser eliminadas a responsabilidades técnicas, éticas e legais dos envolvidos, porém todas as ocorrências devem ser utilizadas como oportunidades para análise crítica investigativa, revisão dos processos e produtos e tomada de decisões para eliminação ou redução do erro.Nursing - Quais são os principais fatores que proporcionam o sucesso da atenção à saúde?Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - A primeira forma de eliminar o erro é desenvolver a cultura da sua prevenção, por meio do conhecimento das circunstancias, dos processos e dos produtos que levam ao erro. Algumas ações básicas para melhoria da segurança:• utilizar check-lists/protocolos padronizados;• melhorar a qualidade dos registros em prontuário e os mecanismos de informação;• padronizar procedimentos e condutas;• participar de iniciativas de processos de melhoria;• incluir o paciente e seus familiares na confirmação de dados; • desenvolver uma cultura de segurança.A adoção das Metas Internacionais para Segurança do Paciente podem ser também uma das estratégias implantadas pela instituição para o sucesso do programa de Segurança do paciente. São elas:- identificar os pacientes corretamente;- melhorar a comunicação efetiva (prescrições/exames diagnósticos);- melhorar a segurança para medicamentos de risco;- eliminar cirurgias em membros ou pacientes errados;- reduzir o risco de adquirir infecções;- reduzir o risco de lesões decorrentes de quedas.Nursing - Qual é a contribuição dos programas de acreditação em relação a redução dos eventos adversos?Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - Acreditamos que os fatores organizacionais afetam a segurança do paciente. Dois mecanismos adquirem importância como catalisadores da segurança do paciente na atualidade: a acreditação e a regulação pública. Ambos se dirigem primordialmente à forma como os cuidados devem ser prestados aos pacientes nas organizações de saúde. A acreditação, como uma avaliação externa baseada em padrões previamente estabelecidos e com caráter voluntário; enquanto a regulação, como um instrumento de exigência governamental com força compulsória.Presume-se que as organizações de saúde com certificado de acreditação sejam mais seguras, ou que pelo menos, encontram-se mais preparadas para identificar, com maior presteza, falhas e incidentes e, deste modo, abordarem estes eventos de forma produtiva. Podemos apontar como benefícios dos programas de acreditação em relação a redução dos eventos adversos: segurança para os pacientes, familiares e público em geral; sistematização das atividades da assistência; serviços prestados de maneira confiável, a partir de um padrão de qualidade previsível e homogêneo; caminho para a melhoria contínua; uso de ferramentas da qualidade universalmente aceitas e recomendadas; construção, adequação e padronização de processos; monitoramento assistencial e administrativo; sistematização e aprimoramento do cuidado; melhoria das informações compartilhadas, dos registros, da qualificação do corpo de colaboradores, do relacionamento com as diversas equipes no cuidado do paciente e na gestão do ambiente; comprometimento do paciente e familiares na assistência; implantação da cultura da qualidade. Nursing - Qual é a funcionalidade do projeto Hospitais Sentinela, criado pela Anvisa no ano de 2000? Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - O “Projeto Hospitais Sentinela” é uma iniciativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), onde estão instaladas as Gerências de Risco sanitário Hospitalar, que visa manter uma rede de informações sobre os materiais médico hospitalares, medicamentos, sangue e seus componentes e os saneantes utilizados, entre os hospitais que compõe a rede no território brasileiro. O objetivo principal é garantir a segurança na utilização dos produtos, manter e promover a qualidade dos mesmos, por meio da formação de uma rede de informações que se cruzam e se auto alimentam, de forma padronizada e sistematizada. A “Gerência de Risco Sanitário Hospitalar” é um grupo de profissionais que realiza o acompanhamento destes materiais utilizados nos hospitais, no período de “pós-comercialização”, ou seja, como se comportam os materiais já adquiridos na sua utilização diária no hospital. Basicamente, são os seguintes grupos de produtos para a saúde: medicamentos, equipamentos médicos, materiais e artigos descartáveis, implantáveis e de apoio médico hospitalar, kits e reagentes de laboratórios, produtos saneantes de uso hospitalar, sangue e seus componentes.Nursing - Quais são os efeitos produtivos proporcionados por tal programa?Marisa Lea Cirelli Sarrubbo - A rede sentinela reúne a excelência em assistência, ensino e a pesquisa no país sendo importante observatório para práticas e tecnologias em saúde. O projeto incentiva o aprendizado por meio da troca de experiências, fomentando transformações pró-segurança do paciente e profissionais da saúde, no processo de trabalho e utilização de tecnologias em hospitais. Podemos apontar como resultados obtidos deste projeto: implantação de gerências de risco; notificações de eventos adversos e queixas técnicas no sistema NOTEVISA, em rede nacional com a ANVISA e tidos os participantes da rede, além das VISAS municipais e estaduais; formação de grupos de trabalho em áreas novas/críticas; propostas para reformulação de regulamentos e normas institucionais; medidas sanitárias geradas a partir das notificações da rede; implantação e acompanhamento de planos de melhoria em áreas estratégicas nos hospitais; incentivo à pesquisa em serviços da rede; planejamento estratégico; reforço e articulação de áreas de apoio à assistência; aquisições mais racionais; qualificação do atendimento dos fornecedores às queixas do hospital quanto à qualidade de produtos; integração à rede de hospitais sentinela; aporte de notificações para a regularização de mercado, estatísticas e indicadores; aumento do controle da qualidade dos produtos para a saúde comercializados no mercado nacional; campo de observação para reforço de sinal de eventos adversos com produtos; revisão e criação de legislações específicas; construção de fluxos e de rotinas de trabalho nos órgãos reguladores e regulados, entre áreas de registro, pós-comercialização e fiscalização de produtos e empresas; campo de estudo para avaliação de novas tecnologias em saúde; e visão ampliada de risco que inclui o usuário.e-mail: marisa.cirelli@incor.usp.br

19 de maio de 2010

Próxima reunião do NUCLEO DE ASSISTENCIA DOMICILIAR – POLO SÃO PAULO

A próxima reunião do NUCLEO DE ASSISTENCIA DOMICILIAR – POLO SÃO PAULO será dia 09 de junho de 2010, na UNIFESP, às 14h30.
Previsão de duração: 2horas.

Teremos apresentação do trabalho de conclusão de mestrado com o título de :
“Satisfação do Usuário sobre a Assistência de Enfermagem Domiciliar “ – Enfª Mestre Maria Daniela Fonseca Pinto- empresa Projeto Home Care, sob orientação da Prof Dra Laís Helena R.O. Franco (UNIFESP).

7 de maio de 2010

Dar mais autonomia à enfermagem reduz taxa de erro, defende medico dos estados unidos. .

Pacientes morrem de ‘hierarquia’ nos hospitais dos EUA, critica médico especialista Peter Pronovost que trabalha em segurança hospitalar.

Claudia Dreifus 'New York Times'

Foto: Chris Hartlove/The New York Times

Peter Pronovost é diretor medico do Grupo de Pesquisa de Qualidade e Segurança do Hospital John Hopkins (Foto: Chris Hartlove/The New York Times)

  • Aspas

    A palavra 'erro' nunca foi pronunciada, mas estava implícita. A medicina tem de ser melhor que isso"

Peter Pronovost, 45 anos de idade, é diretor medico do Grupo de Pesquisa de Qualidade e Segurança do Hospital John Hopkins em Baltimore (EUA), o que significa que ele lidera a busca daquela instituição por formas mais seguras de cuidar dos pacientes. Ele também viaja pelo país, prestando consultoria em hospitais sobre medidas inovadoras de segurança.

NYT - O que o fez começar sua cruzada pela segurança hospitalar?

Peter Pronovost - Meu pai morreu de câncer aos 50 anos. Ele tinha um linfoma, mas tinha recebido o diagnóstico de leucemia. Quando era estudante de medicina do primeiro ano aqui na John Hopkins, levei meu pai a um de nossos especialistas para uma segunda opinião. O especialista disse: “Se você tivesse vindo antes, seria elegível para um transplante de medula óssea, mas o câncer já está muito avançado.”

  • Aspas

    Tivemos uma criança que morreu de desidratação, uma doença do terceiro mundo, num dos melhores hospitais do mundo"

A palavra “erro” nunca foi pronunciada, mas estava implícita. Fiquei arrasado, com raiva dos clínicos e de mim mesmo. Eu pensava: “A medicina tem de ser melhor que isso.”

Alguns anos depois, quando eu já era médico, depois de obter um doutorado em segurança hospitalar, conheci Sorrel King, cuja filha de 18 meses, Josie, tinha morrido no Hopkins de infecção e desidratação após a inserção de um cateter.

  • Aspas

    Infecções hospitalares não são como uma doença sem cura"

A mãe e os enfermeiros tinham percebido que a menininha estava com problemas. Mas alguns médicos encarregados de seus cuidados não ouviam. Então, tivemos uma criança que morreu de desidratação, uma doença do terceiro mundo, num dos melhores hospitais do mundo. Muitas pessoas aqui ficaram atormentadas com isso. E a autocrítica que se seguiu fez com que fosse possível para mim realizar novas pesquisas sobre segurança e pressionar por mudanças.

NYT - O que exatamente havia de errado?

Peter Pronovost - Assim como em muitos hospitais, tivemos um trabalho em equipe disfuncional por causa de uma cultura excessivamente hierárquica. Quando as confrontações ocorriam, o problema raramente era enquadrado de forma a buscar o melhor para o paciente. Era assim: “Eu estou certo. Sou mais experiente que você. Não me diga o que fazer.” Com a causa da morte de Josie King (infecção após inserção de cateter), nossos índices eram altíssimos: cerca de 11 em mil, o que, na época, nos colocava entre os piores 10% do país.

  • Aspas

    Quando as confrontações ocorriam, o problema raramente era enquadrado de forma a buscar o melhor para o paciente. Era assim: 'Sou mais experiente que você. Não me diga o que fazer'"

Cateteres são inseridos nas veias próximas do coração antes de grandes cirurgias, na UTI, para quimioterapia e diálise. O Centro de Controle de Doenças calcula que 31 mil pessoas por ano morrem de infecções no sangue contraídas em hospitais dessa forma. Então eu pensei: “Isso pode ser impedido. Infecções hospitalares não são como uma doença sem cura. Vamos tentar fazer um check list que padronize o que os clínicos fazem antes do cateterismo.”

Eu achava que, se pegássemos as medidas de segurança mais importantes e encontrássemos alguma forma de torná-las uma rotina, o cenário poderia ser alterado. O check list que desenvolvemos foi simples: lavar as mãos, limpar a pele com chlorhexidina, evitar colocar cateteres na virilha, cobrir o paciente e a si mesmo enquanto insere o cateter, manter um campo esterilizado, e se perguntar todos os dias se os benefícios do cateterismo são maiores que os riscos.

NYT - Lavar as mãos? Os médicos não já fazem isso automaticamente?

Peter Pronovost - Estimativas nacionais dão conta de que nós lavamos as mãos de 30% a 40% das vezes. Em hospitais que estão trabalhando para melhorar seu desempenho de segurança, o número chega a 70%. Mas isso significa que, em 30% das vezes, os profissionais não estão lavando as mãos.


Na média dos EUA, os médicos lavam as mãos no trabalho de 30% a 40% das vezes

No Hopkins, testamos a ideia do check list na unidade de tratamento intensivo cirúrgico. Ajudou, embora ainda seja necessário fazer mais para diminuir os índices de infecção. Precisamos garantir que os suprimentos – desinfetante, panos, cateteres – estejam próximos e à mão.

  • Aspas

    Dissemos: 'Enfermeiros, vocês devem garantir que os médicos lavem as mãos. Se eles não lavarem, vocês estão autorizados a interromper o procedimento'"

Observamos que esses itens eram armazenados em oito lugares diferentes dentro do hospital; por isso, nas emergências, as pessoas muitas vezes “pulavam” passos. Assim, reunimos todo o material necessário e o colocamos juntos num carrinho acessível. Designamos uma pessoa para ficar responsável pelo carrinho e sempre garantir que ele esteja abastecido. Também instituímos supervisores para garantir que o check list estava sendo seguido.

Dissemos: “Médicos, sabemos que vocês são pessoas ocupadas e às vezes se esquecem de lavar as mãos. Então, enfermeiros, vocês devem garantir que os médicos o façam. Se eles não o fizerem, vocês estão autorizados a interromper o início de um procedimento.”

NYT - E o que aconteceu?

Peter Pronovost - Você ia achar que eu tinha começado a Terceira Guerra Mundial! Os enfermeiros disseram que não era parte do trabalho deles monitorar os médicos; os médicos disseram que nenhum enfermeiro interromperia o início de um procedimento. Eu disse: “Médicos, sabemos que não somos perfeitos e que podemos esquecer importantes medidas de segurança. Enfermeiros, como vocês podem permitir que um médico comece sem ter lavado as mãos?”

Disse aos enfermeiros que eles poderiam me mandar mensagem de celular de dia ou de noite, que eu os apoiaria. Em quatro anos conseguimos reduzir os níveis de infecção a quase zero na UTI.

Então, levamos isso a 100 UTIs de 70 hospitais de Michigan. Medimos suas taxas de infecção, implementamos o check list, trabalhamos para obter uma cultura de mais cooperação, para que os enfermeiros pudessem falar. De novo, reduzimos as taxas a quase zero. Estamos motivando hospitais de todo o país a implementar sistemas de check list similares.

NYT - Você sustenta que os hospitais podem reduzir taxas de erro ao dar mais autonomia aos enfermeiros. Por quê?

Peter Pronovost - Porque, em todos os hospitais dos Estados Unidos, pacientes morrem de hierarquia. Pela forma como os médicos são treinados, o domínio experimental é visto como ameaçador e pouco importante. Mas uma enfermeira ou membro da família pode estar com um paciente 12 horas por dia, enquanto um médico só aparece por cinco minutos.

  • Aspas

    Uma enfermeira pode estar com um paciente 12 horas por dia, enquanto um médico só aparece por cinco minutos"

Quando comecei a trabalhar nisso, observei as alegações de responsabilidade de eventos que poderiam ter matado um paciente ou que realmente mataram, em vários hospitais – incluindo o Hopkins. Eu perguntei: “Em quantos desses eventos alguém sabia que algo estava errado e não falou, ou falou e não foi ouvido?”

Até mesmo eu, médico, já passei por isso. Uma vez, durante uma cirurgia, estava administrando anestesia e podia ver que o paciente estava desenvolvendo os sinais clássicos de uma reação alérgica com risco de morte.

Disse ao cirurgião: “Acho que isso é alergia a látex, por favor, mude as luvas.” “Não é”, ele disparou, recusando-se a fazê-lo. Então eu disse: “Me ajude a entender como você está enxergando a situação. Se eu estiver errado, eu só vou estar errado. Mas, se você estiver errado, você vai matar o paciente.” Eu não poderia deixar o paciente morrer porque o cirurgião e eu não estávamos nos entendendo.

Pedi à instrumentista que telefonasse para o reitor da faculdade de medicina, que eu sabia que me apoiaria. Quando ela estava prestes a telefonar, o cirurgião me xingou e finalmente tirou as luvas de látex.

NYT - O que os pacientes podem fazer para se proteger de erros em hospitais?

Peter Pronovost - Eu diria que um paciente pode fazer a seguinte pergunta: “Qual a taxa de infecção do hospital?” Se esse número for alto ou o hospital disser que não sabe, você deve sair correndo. Em qualquer caso, você também deve perguntar se eles usam um sistema de check list.

Quando você já for paciente internado do hospital, pergunte: “Será que eu realmente preciso desse cateter? Estou recebendo benefícios o suficiente para compensar os riscos?” A qualquer pessoa que lhe tocar, pergunte: “Você lavou as mãos?” Parece tolice, mas você tem de ser seu próprio protetor.

* A editora americana Hudson Street Press lançou recentemente o livro “Safe Patients, Smart Hospitals: How One Doctor’s Checklist Can Help Us Change Health Care from the Inside Out”, escrito por Peter Pronovost e Eric Vohr.

Tradução de Gabriela d’Ávila